terça-feira, 8 de novembro de 2011

Áporo


O começo do Fim

Inaudível?
No trânsito da cidade,
Está abafado no vento
E sufocado na fumaça.

Um sussurro de socorro,
Entre as folhas das árvores,
No lamento dos pássaros.
Tão ínfimo e tão surdo.

Está na terra
Sepultada sob o asfalto.
Está no céu impuro,
arranhado, desafiado.

Esqueleto canino ambulante,
Podridão dissolvida nas águas,
Micro-pseudo-florestas,
Teto sem ultra-filtro.

É a árvore que definha.
E as flores quase secas,
caem indiferentes, preocupadas
apenas com a dor da queda.

Inaudível? Audível.
E até bem visível, "cheirável",
tocável e comestível.
Mas, ainda sim, tolerável.

OLIVEIRA, Thiago Augusto 
Áporo (Novembro/2007) Revista dos Alunos da Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas - USP